sábado, 30 de abril de 2011

30.04.11



tua sombra dialéctica
acumulava pólen
encostada às árvores
escorada nas paredes
esborrachada na beira
do passeio público
eu minto descaradamente
eu finjo que leio
a revista de programação
da televisão
ouço nos rádios
as cantoras carecas
cafeinómanas
embriagadas
e a tua sombra
permanece
tatuada na pele
do rio
negro arco-íris
na madrugada!


PAR - PT

sexta-feira, 29 de abril de 2011

29.04.11



tudo passa
naquele céu
reflectido na poça
passa nuvem
passageira
passa passarinho
passa uma vida inteira.


PAR - PT

quinta-feira, 28 de abril de 2011

28.04.11



porque és o inverso
do meu outro lado
virado do avesso
inverno seco amarelo
que estala em baixo
dos calcanhares
doem os cotovelos
e as mãos escorregam
nas maçanetas
boca abrasiva
a beijar-me o períneo
músculos tensos
porque és o inverno
da minha outra pele
queimada em verão
outono sem tons de azul
que ribomba nas orelhas
compêndio anatômico
de frente de lado de frente
rotação impertinente
que evita mostrar outro lado!


PAR - PT

quarta-feira, 27 de abril de 2011

27.04.11



aporto em ti o meu barco
aperto teu corpo
contra as rochas
do cais onde cais
aparto pedras
nos escolhos
dos cantos dos teus olhos
faróis cereais anzóis


PAR - PT

terça-feira, 26 de abril de 2011

segunda-feira, 25 de abril de 2011

domingo, 24 de abril de 2011

Desejo

Kátia Flávia


Kátia Flávia
É uma louraça belzebu, provocante
Uma louraça Lúcifer, gostosona
Uma louraça Satanás, gostosona e provocante
Que só usa calcinhas comestíveis e calcinhas bélicas
Dessas com armamentos bordados
calcinha framboesa, calcinha antiaérea, calcinha de morango,
calcinha Exocet
calcinha framboesa, calcinha antiaérea, calcinha de morango,
calcinha Exocet
Ex-miss Febem, encarnação do mundo cão, casada com um figurão
contravenção
Ficou famosa por andar num cavalo branco, pelas noites
suburbanas
Ficou famosa por andar num cavalo branco, pelas noites
suburbanas
Toda nua, toda nua
Toda nua, toda nua
louraça belzebu
louraça Lúcifer
louraça Satanás
Matou o figurão, foi pra Copacabana, roubou uma joaninha
E pelo rádio da polícia, ela manda o seu recado
Pelo rádio da polícia, ela manda o seu recado
Get out, get out!
Pelo rádio, pelo rádio, pelo rádio, pelo rádio
rádio da polícia ela manda o seu recado
Alô, polícia!
Eu tô usando
Um Exocet - Calcinha!
Um Exocet - Calcinha!
Alô, polícia!
Eu tô usando
Um Exocet - Calcinha!
Um Exocet - Calcinha!
Meu nome é Kátia Flávia, Godiva do Irajá, me escondi aqui em
Copa
polícia!
Meu nome é Kátia Flávia, Godiva do Irajá, me escondi aqui em
Copa
polícia!
Polícia Belford Roxo, de Duque de Caxias
Polícia Madureira, polícia Deodoro, São Cristóvão, Bonsucesso,
da Benfica, da Pavuna, da Tijuca, de Quintino, do Catete,
Grajaú,
Polícia pode vir! porque
Meu nome é Kátia Flávia, Godiva do Irajá, me escondi aqui em
Copa
Meu nome é Kátia Flávia, Godiva do Irajá, me escondi aqui em
Copa
polícia do Flamengo, polícia Botafogo, da Barra da Tijuca
do centro da cidade
Polícia, polícia, polícia, polícia pode vir
Alô, polícia!
Eu tô usando
Um Exocet
Um Exocet
Alô, polícia!
Eu tô usando
Um Exocet
Um Exocet
Louraça belzebu,
Louraça Lúcifer,
Louraça Satanás,
Louraça belzebu,
Louraça Lúcifer,
Louraça Satanás,
Louraça belzebu, calcinha framboesa
Louraça Lúcifer, calcinha antiaérea
Louraça Satanás, calcinha de morango
Louraça belzebu, calcinha Exocet
Louraça belzebu, calcinha framboesa
Louraça Lúcifer, calcinha antiaérea
Louraça Satanás, calcinha de morango
Louraça belzebu, calcinha Exocet
Alô, polícia!
Eu tô usando
Um Exocet - Calcinha!
Um Exocet - Calcinha!...
calcinha bordadinha
calcinha de rendinha
calcinha geladinha
Alô, polícia!
Eu tô usando
Um Exocet - Calcinha!
Um Exocet - Calcinha!
Meu nome é Kátia Flávia, Godiva do Irajá, me escondi aqui em
Copa
Alô, polícia!
Eu tô usando
Um Exocet - Calcinha!
Um Exocet - Calcinha!
Alô, polícia!


Composição : Fausto Fawcett




a minha juventude foi um tremendo barato de curtição e lances outros mil no Brasil.

24.04.11



Revolta metafísica
que nasce dolorosa
e violenta
da tomada de consciência
da limitação do homem
devido à presença
da morte
consciência que faz
experimentar
impotência e frustração
e conduz aos limites
do ateísmo
tragédia essencial
que põe o absoluto
em discussão
e traz a revolta
contra o deuses iníquos
aceitação da precariedade
do inevitável
do irresolúvel...


PAR - PT

sábado, 23 de abril de 2011

Calor

Rio 40 Graus


Rio 40 Graus..(2x)
Rio 40 graus
Cidade maravilha
Purgatório da beleza
E do caos...(2x)
Capital do sangue quente
Do Brasil
Capital do sangue quente
Do melhor e do pior
Do Brasil...(2x)
Cidade sangue quente
Maravilha mutante...
O Rio é uma cidade
De cidades misturadas
O Rio é uma cidade
De cidades camufladas
Com governos misturados
Camuflados, paralelos
Sorrateiros
Ocultando comandos...
Comando de comando
Submundo oficial
Comando de comando
Submundo bandidaço
Comando de comando
Submundo classe média
Comando de comando
Submundo camelô
Comando de comando
Submáfia manicure
Comando de comando
Submáfia de boate
Comando de comando
Submundo de madame
Comando de comando
Submundo da TV
Submundo deputado
Submáfia aposentado
Submundo de papai
Submáfia da mamãe
Submundo da vovó
Submáfia criancinha
Submundo dos filhinhos...
Na cidade sangue quente
Na cidade maravilha mutante...
Rio 40 graus
Cidade maravilha
Purgatório da beleza
E do caos...(2x)
Rio 40 graus
Purgatório da beleza
E do caos...
Eh! Rio 40 graus...
Quem é dono desse bêco?
Quem é dono dessa rua?
De quem é esse edifício?
De quem é esse lugar?...(2x)
É meu esse lugar
Sou carioca
Pô!
(Sou carioca!)
Eu quero meu crachá
Sou carioca
Pô!...
"Canil veterinário
É assaltado liberando
Cachorrada doentia
Atropelando!
Na xuxa das esquinas
De macumba violenta
Escopeta de sainha plissada
Na xuxa das esquinas
De macumba gigantescas
Escopêta de shortinho algodão"...
Cachorrada doentia do Joá, eh!
Cachorrada doentia São Cristóvão
É Cachorrada doentia Bonsucesso
Cachorrada doentia Madureira
É Cachorrada doentia da Rocinha
É Cachorrada doentia do Estácio...
Na cidade sangue quente
Na cidade maravilha mutante...
Rio!...
Rio 40 graus
Cidade maravilha
Purgatório da beleza
E do caos...(2x)
Rio 40 graus
Purgatório da beleza
E do caos...
A novidade cultural
Da garotada
Favelada, suburbana
Classe média marginal
É informática metralha
Sub-uzi equipadinha
Com cartucho musical
De batucada digital...
Gatinho de disket
Marcação pagode, funk
De gatinho marcação
Do samba-lance
Com batuque digital
Na sub-uzi musical
De batucada digital
Eh!...
Meio batuque inovação
De marcação prá pagodeira
Curtição de falação
De batucada
Com cartucho sub-uzi
De batuque digital
Metralhadora musical...
De marcação invocação
Prá gritaria
De torcida da galera
Funk!
De marcação invocação
Prá gritaria
De torcida da galera
Samba!
De marcação invocação
Prá gritaria
De torcida da galera
Tiroteio!
De gatilho digital
De sub-uzi equipadinha
Com cartucho musical
De contrabando militar
Da novidade cultural
Da garotada
Favelada suburbana
De shortinho, de chinelo
Sem camisa, carregando
Sub-uzi equipadinha
Com cartucho musical
De batucada digital
Ulalá!...
Na cidade sangue quente
Na cidade maravilha mutante
Huuuummm!...
Rio 40 graus
Cidade maravilha
Purgatório da beleza
E do caos...(2x)
Rio 40 graus
Purgatório da beleza
E do caos...
Capital do sangue quente
Do Brasil
Capital do sangue quente
Do melhor e do pior
Do Brasil...
(O Rio de Janeiro!)
(O Rio De Janeiro!)
(Soy Loco Por Ti!)...
Rio 40 graus
Cidade maravilha
Purgatório da beleza
E do caos...(2x)
Rio 40 graus
Purgatório da beleza
E do caos...


Composição: Fernanda Abreu




sinto saudade da Fernandinha muitas vezes...

Viva, Novamente, Titãs


Isso Para Mim É Perfume


Isso para mim é perfume
Suor, fedor
Isso para mim é garboso
Cabelo embaraçado
Dente não escovado
Chupar o seu dedão
Cheirar sua calcinha suja na menstruação
Isso para mim é enfeite
A cabeça do pau faz esporra de leite
Pra tomar de manhã
No café da manhã
E também no almoço
E depois no jantar
Amor, eu quero te ver cagar.


Composição : Arnaldo Antunes / Titãs

23.04.11


nas mãos de cada um
a marca é posta
como lembrança
da argila original
molde de embarcações?
uma bacia ou uma lâmpada
um que sustenta
outro que abala e ilumina
crepúsculo entre dois sonos
homem em renovação
lâmpada presa
sobre livro
e corpo e neve e pedra
chama incerta
agora o mel
dá significados
a seres escondidos
pelas embarcações
que moldaram
pelas chamas...
no mistério da espera
pão imortal
luz eterna
sai a morte
atrás da bacia gasta
da lâmpada e
(espírito peregrino)
das radiações do todo
tudo radia
e sorri
tudo deleita
e tem amor pelas lâmpadas
e bacias
mais que a fonte
mais que a argila
que as embarcações
a adejar
a afastar-se para além
da idade da razão
do último momento
a perscrutar a impossibilidade
a obscuridade
tracção das fomes
espera imortal
do breu final.

PAR - PT

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Mentiras

Rádio Blá


Ela adora me fazer de otário
Para entre amigas ter o que falar
É a onda da paixão paranóica
Praticando sexo como jogo de azar
Uma noite ela me disse "quero me apaixonar"
Como quem pede desculpas a si mesmo
A paixão não tudo tem nada a ver com a vontade
Quando bate é o alarme de um louco desejo
Não dá para controlar, não dá
Não dá pra planejar
Eu ligo o rádio
E blá, blá, blá, blá, blá, blá
Eu te amo
Sua vida burguesa é um romance
Um roteiro de intrigas
Pra Fellini filmar
Cercada de drogas, de amigos inúteis
Ninguém pensaria que ela quer namorar
Reconheço que ela me deixa inseguro
Sou louco por ela e não sei o que falar
O que eu quero é que ela quebre a minha rotina
Que fique comigo e deseje me amar.

Composição : Lobão/Arnaldo Brandão/Tavinho Paes


às vezes dá saudade de Lobão também...

Titãs, sempre, Titãs



Igreja


Eu não gosto de padre
Eu não gosto de madre
Eu não gosto de frei.
Eu não gosto de bispo
Eu não gosto de Cristo
Eu não digo amém.
Eu não monto presépio
Eu não gosto do vigário
Nem da missa das seis.


Não! Não!
Eu não gosto do terço
Eu não gosto do berço
De Jesus de Belém.
Eu não gosto do papa
Eu não creio na graça
Do milagre de Deus.
Eu não gosto da igreja
Eu não entro na igreja
Não tenho religião.


Não!
Não! Não gosto! Eu não gosto!
Não! Não gosto! Eu não gosto!


Composição : Nando Reis

22.04.11



li em algum lugar
que os antigos egípcios
tinham cinquenta palavras
para as areias
e que os esquimós
têm cem palavras
para a neve
quem me dera
tivesse eu mil palavras
para AMOR
mas tudo que me vem
à mente
é a maneira
como te encostas a mim
enquanto dormes
e não há palavras
para descrevê-lo...


PAR - PT

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Blade Runner



A cena mais fantástica do melhor filme de todos os tempos, grandes actores, belíssima direcção de arte, tudo no filme é maravilhoso, há de se ouvir a trilha sonora e ler o livro, fazer todas essas coisas ao mesmo tempo e em separado também, e quando todas as possibilidades estiverem esgotadas, começar tudo outra vez... e outra vez e mais uma vez outra vez.

PAR - PT

21.04.11



enquanto o fulgor
da língua incandescente
mistura-se ao zumbido
néon dos anúncios
que atraem os insectos
para dentro e para fora
do calor infernal
maçador e opressivo
de um verão dos trópicos...


colectores descarregam
conduzidos por força
invisível ao olho nu
sempre para a frente 
como uma última emoção.


desesperado
arsenal inicial esgotado
frenético
a qualquer custo
celebração de liberdade.


vendi meu ego
por um punhado de moedas
disseram-me para guardar
o troco...
já estava cansado
dele
talvez possa ser usado
por alguém
assim
desenhar com ele
ou esfregá-lo numa tela
quando os pincéis
perderem as cerdas
ou ainda
espetá-lo como flor
na lapela.


PAR - PT

quarta-feira, 20 de abril de 2011

20.04.11



simples poesia do sono
depositada em mão esquecida
de ausência narrativa do tempo
quem ousaria chamá-la engano
se as palavras não são legíveis
e toda a evidência da vida está lá
de uma maneira ou de outra
ligeira e obliquamente diagramada
evocação de galáxias
sintomática como quem quer ver
a existência e escolhe esperar
compelido por sonoridades
de presença de um mistério
um mundo de verdes
vegetação e bronze árido
montes muito perto do mar
obscuras aberrações de fauna e flora
que estonteiam oceanógrafos
pela infinita variedade evolutiva
mera sugestão lunar de cume e sombra
poema intrínseco à máquina
de que cada nota tem uma duração
correspondente ao iluminar
de um objecto 
com excedentes de iões
o poema é o improviso
de um sistema logarítmico
de substituição e troca
de conceitos e energias.


PAR - PT

terça-feira, 19 de abril de 2011

19.04.11


Vou atirar-me
do vão central da ponte
com as tuas cuecas na boca
liberdade ideológica
de dez às vinte
em frente à televisão
queima o cigarro
e acaba-se a bebida
continuam a girar
estéreis os astros
arte-final e teu corpo
nas paredes do estúdio
a sexta sinfonia
de Beethoven e
os Titãs a flutuar
nos vapores da canabis
e agora um banho,
mijar e dormir.

PAR - PT

Funicular



Isso é tão mim que chega a me doer em eu...

PAR - PT

segunda-feira, 18 de abril de 2011

18.04.11



dá-me a folha do teu tempo
dá-me
dá-me
dá-me
a folha do teu tempo
o fio do teu tampão
a falha de santo André
dá-me
dá-me
dá-me
a honra de não ocupar 
os teus tempos livres
dá-me o ócio dos vazios
dá-me o ácido dos silêncios
que partilhamos
dá-me dá-me dá-me
dá-me aquilo
que tens a certeza
que não não deste
nunca a mais ninguém...


PAR - PT

The Model - Teaser

domingo, 17 de abril de 2011

17.04.11



a fruta deu-se à boca 
contraída e contrariada
não era fruta que se coma
impunemente
queria ser sabor
e cheiro
queria ser provada
e escorrer sedosa
no queixo
manchar a blusa
não queria ser fruta
desculpa de pecados
razão de exílios
queria ser fruta que fizesse
dormir para sempre
queria ser fruta que se
negasse
à mordida.


PAR - PT

sábado, 16 de abril de 2011

16.04.11



apostai no disparate
que vos assenta muito bem
encostai vosso corpo
ao outro morto dos santinhos
observai tudo deixar de ser
como era antes de vir a ser
doai vosso corpo à ciência
ajudai a aprofundar 
o desconhecimento
afundai vosso braço
até ao cotovelo
na vagina de uma vaca
lavai vossa cloaca
na urina das divindades
nos rios das terras santas
lambei meticulosamente
os vasos sanitários
das latrinas de todos
os templos que encontrardes
deixai arder em vossas veias
o açúcar das apostasias.


PAR - PT

sexta-feira, 15 de abril de 2011

15.04.11



papel dourado 
que envolve 
os bombons...


as pessoas
não choram
por serem
fracas
mas sim
por que foram
fortes
tempo demais
...


os leões devoram
sua presa
as hienas aguardam
os abutres aguardam
as moscas aguardam
os vírus aguardam...


passa-se tempo demais
o papel dourado
perde
vagarosamente
o tom dourado.


PAR - PT

quinta-feira, 14 de abril de 2011

14.04.11



desacelerei a órbita dos planetas
trânsito retrogrado de plutão
e as borboletas vão deixando
escamas em todas as superfícies
suas assinaturas iridescentes
a provocar intempéries onde passem
adormecem os feitiços à beira
dos umbrais e nas esquinas
estampidos de fogos artificiais
dias de horários veranistas oficiais
oficinas de execução de serviços
para construção técnico-profissional
de unidades integrantes de naves espaciais...


PAR - PT

quarta-feira, 13 de abril de 2011

13.04.11



Se pensarmos na máscara 
como alter-ego 
ou o outro eu, 
logo personagem, 
aquele que somos 
sem que se veja, 
a que alguns chamam ânima, 
aquilo que nos anima 
e nos dá a chama, 
e os olhos como portas 
para a alma, 
ou o eu animado pela chama, 
e pensarmos que só somos 
a chama que nos brilha nos olhos, 
que nos superamos 
e fazemos ler pelos olhos, 
únicos pontos de verdade 
nas máscaras diárias 
de repressão de superego, 
então os Olhos estão lá, 
podes vê-los no centro 
da máscara 
com suas chamas acesas 
e animadas em mim, 
em ti e em todos, 
logo penso que a máscara vale 
como forma de atribuir olhos... 
a quem não os tem
(Panos para mangas 
e pernas para que te quero!)


PAR - PT

Santa Poesia